quinta-feira, junho 22, 2006

Mais noticias sobre a Copa

Da página do Jornal Brasil de Fato. Como ficaria muita coisa pra postar aqui...
(Fora que é mais gente visitando a página, rs)

http://www.brasildefato.com.br/brasildefato/v01/agencia/especiais/copadomundo
Piada. já devem ter lido ou ouvido por aí.
Zico telefonou e pediu uma ajuda a Parreira:
"O Brasil já está classificado, o Japão não, bem que você podia dar uma mão...".
"OK, Zico, o que você quer? Que eu escale os reservas?", perguntou Parreira.
E Zico, se assustou: "Não, Parreira. Os reservas, não!!!".

Pois é, quem não estava jogando fez gol. Ronaldo (uai, ele jogou as duas partidas anteriores?), Gilberto Silva e Juninho Pernambucano.
Pena que o técnico é o Parreira, que se não é burro, é teimoso. E conservador taticamente, apesar de suas recaídas...
Se em 1982 tivemos um "Põe o ponta, Telê!!!!" agora poderíamos ter um "Põe os reservas, Parreira!!!"
Não deu, gente...

Como anunciado e divulgado amplamente, deveriamos transmitir hoje o jogo Brasil e Japão. Mas a dificuldade de entrada e permanência na UnB no horário do jogo impediram, mas uma vez, da Ralacoco de fazê-lo.

Lamentamos profundamente que os limites da UnB limitem o nosso trabalho. Tentaremos contorna-los para a primeira partida das Oitavas de final.

Coletivo Ralacoco

ralacocofm@gmail.com

domingo, junho 18, 2006

Planeta Futebol

http://diplo.uol.com.br/2006-06,a1329

O futebol é o esporte político por excelência. Ele se situa na encruzilhada de questões capitais como pertencimento, identidade, condição social e até mesmo, por seu aspecto sacrificial e místico, a religião
Ignacio Ramonet

De 9 de junho a 9 de julho, nosso planeta estará submerso por uma maré particular: a do futebol, cuja fase final da Copa do Mundo acontece na Alemanha. Trata-se do mais universal dos eventos esportivos e televisivos. Várias dezenas de bilhões de telespectadores, em audiência acumulada, acompanharão as 64 partidas do torneio que contrapõe 32 seleções nacionais representando os cinco continentes.

O confronto atingirá sua intensidade máxima no domingo, dia 9 de julho, quando, em Berlim, no Olympiastadion (construído por Hitler para os Jogos Olímpicos de 1936), as duas equipes que tiverem sobrevivido aos mata-matas disputarão a final. Neste instante, mais de dois bilhões de pessoas – um terço da humanidade – em 213 países (enquanto a ONU tem apenas 191 membros...) estarão diante das telas de TV. E, para elas, nada mais importará.

A competição funcionará como um formidável biombo e ocultará qualquer outro acontecimento. Para grande alívio de alguns. Por exemplo, na França: Jacques Chirac e Dominique de Villepin confiam sem dúvida nesta hipnótica distração coletiva para tentar jogar no esquecimento o tenebroso caso Clairstream. E respirar um pouco.

“ Peste emocional [1] ” para alguns, “ paixão exultante [2] ” para outros, o futebol é o esporte internacional número um. Mas é indiscutivelmente mais que um esporte. Caso contrário, ele iria suscitar tal furacão de sentimentos contrastantes. “Um fato social total”, disse sobre ele o grande ensaísta Norbert Elias. Poderíamos afirmar também que constitui uma metáfora da condição humana. Pois revela, segundo o antropólogo Christian Bromberger, a incerteza dos status individuais e coletivos e os meandros da fortuna e do destino [3]. Ele estimula uma reflexão sobre o papel do indivíduo e o trabalho de equipe e admite debates apaixonados sobre a simulação, a trapaça, a arbitrariedade e a injustiça.

O esporte dos humildes
Como na vida, os perdedores no futebol são mais numerosos que os vencedores. É porque este esporte sempre foi o dos humildes, que nele vêem, consciente ou inconscientemente, uma representação de seu próprio destino. Eles sabem também que amar seu time é aceitar o sofrimento. O importante, em caso de derrota, é permanecer unidos, ficar juntos. Graças a esta paixão partilhada, estamos seguros de não estarmos nunca isolados. “You will never walk alone” (“Você nunca andará sozinho”), cantam os torcedores do Liverpool FC, clube proletário inglês.

O futebol é o esporte político por excelência. Ele se situa na encruzilhada de questões capitais como o pertencimento, a identidade, a condição social e até mesmo, por seu aspecto sacrificial e místico, a religião. Por isso os estádios servem tão bem para as cerimônias nacionalistas, para os localismos e para os transbordamentos identitários ou tribais que desembocam por vezes em violências entre torcedores fanáticos.

Por todas estas razões – e sem dúvida várias outras, mais positivas e mais festivas – este esporte fascina as massas. Estas, por sua vez, interessam não apenas aos demagogos, mas principalmente aos publicitários. Pois mais que uma prática esportiva, o futebol é hoje um espetáculo televisionado para um grande público com suas vedetes pagas a preço de ouro.

A compra e a venda de jogadores de futebol refletem bem o estado do mercado no momento da globalização liberal: as riquezas se situam no Sul, mas se consomem no Norte, que possui sozinho os meios para comprá-las. E este mercado (freqüentemente de trapaceiros) dá lugar a modernas formas de tráfico de seres humanos.

Entre fortunas e escândalos
Os recursos financeiros empregados são fantásticos. Se a França se classificar para a final, o preço de um spot publicitário de 30 segundos na TV francesa chegará a 250 mil euros (o equivalente a 15 anos de salários mínimos). E a Federação Internacional de Futebol (FIFA) receberá nada menos que 1,172 bilhão de euros apenas pelos direitos televisivos e pelos patrocínios da Copa do Mundo da Alemanha. Estima-se que, por outro lado, o total de investimentos publicitários ligados a esta competição ultrapassará os 3 bilhões de euros.

Tais massas de dinheiro levam à loucura. Toda uma fauna de negociantes gira em torno da bola. Ela controla o mercado de transferências de jogadores e o de apostas esportivas. Certas equipes, para garantir a vitória, não hesitam em trapacear. Há legiões de casos comprovados, como o escândalo que atualmente sacode a Itália. E que rebaixar à segunda divisão o Juventus de Turim, clube mítico, acusado de ter comprado árbitros.

Assim vai este esporte fascinante. Dividido entre seus esplendores sem igual e suas abjeções, cujo efeito é semelhante, às vezes, ao da lama jogada sobre um ventilador. Todos ficam enlameados.

Tradução: Fábio de Castro castro@reportersocial.com.br



[1] Jean-Marie Brohm, La Tyrannie sportive. Théorie critique d’un opium du peuple, Beauchesne, Paris, 2006.

[2] Pascal Boniface, Football et mondialisation, Armand Colin, Paris, 2006.

[3] Christian Bromberger, Football, la bagatelle la plus sérieuse du monde, Bayard, Paris, 1998.

Fifa tenta esconder lugares vazios

Postado originalmente em: http://www.trivela.com/copa06/index.asp?Fuseaction=Conteudo&ParentID=8&Menu=16&Materia=443

MUNIQUE – Ao início do segundo tempo de todas as partidas da Copa do Mundo, o placar eletrônico e o sistema de som dos 12 estádios anunciam o público presente. E o resultado foi sempre o mesmo: “Ausverkauft” (ingressos esgotados, em alemão) em todos os 24 jogos já realizados até este sábado. Os lugares vazios nas arquibancadas e nas tribunas, porém, deixam a dúvida: será que todos os ingressos foram, de fato, vendidos?
Em algumas partidas, como Holanda x Sérvia-Montenegro, disputada em Leipzig, foram contabilizados mais de mil assentos vazios em todo o estádio. “Me incomodou muito ver, da tribuna, tantos lugares sem torcedor”, afirmou Horst Schmidt, vice-presidente do Comitê Organizador, que completou: “Triste é saber que havia milhares de pessoas do lado de fora, desesperadas por uma oportunidade de entrar no estádio”.
Quem vê pela televisão – e até mesmo no estádio – muitas vezes não tem a impressão de que existam lugares vazios. Principalmente porque eles não estão concentrados em um determinado setor das arquibancadas, como aconteceu na Copa do Mundo de 2002, em que dava para perceber, em algumas partidas, mais de 10 mil assentos desocupados.
O Comitê Organizador aponta os patrocinadores oficiais como responsáveis pelo vazio nos estádios. Quase 20% da cota de ingressos foi entregue às 25 empresas que bancaram a realização do Mundial. Em muitos casos, essas companhias não conseguiram distribuir entre funcionários e clientes e, em vez de fazer o que pedia a Fifa, não devolveram as entradas para que elas fossem colocadas à venda por métodos legais.

Mascarando o vazio

Para diminuir a impressão de que os estádios não estão lotados em sua plenitude, os organizadores do Mundial encontraram uma maneira de mascarar a realidade: colocar voluntários nos assentos vazios. Geralmente designados a ajudar torcedores e imprensa, os voluntários, vestidos de calças azuis marinho e blusa azul celeste, podem ser vistos sentados em meio a torcedores comuns, muitas vezes até torcendo e tirando fotos.
No total, cerca de 500 voluntários trabalham em cada uma das 12 sedes do Mundial. Nos casos de jogos em que o número de assentos vazios não chegou a muito mais de uma centena, como Irã e México, em que apenas 100 lugares vazios foram contabilizados, chega a haver até revezamento.

Imprensa também colabora

Não é só entre os torcedores que se percebem lugares vazios. Nas tribunas de imprensa de algumas das partidas realizadas até agora, fica clara a quantidade de ausências. No jogo entre Portugal e Angola, por exemplo, havia 50 lugares vazios entre os quase 600 designados à imprensa.
Esse descaso de alguns dos mais de 6 mil jornalistas credenciados tem tirado a Fifa do sério. Principalmente porque, em diversas ocasiões, há gente interessada em trabalhar na partida que ficou de fora. Não houve ausências, é claro, em jogos como Brasil x Croácia e até mesmo Inglaterra x Paraguai, em que a demanda é tão grande que quase ninguém que está na lista de espera conseguirá ver a partida no estádio.
Nesta sexta-feira, a Fifa emitiu o primeiro aviso a muitos dos jornalistas que tinham ingressos e não avisaram a entidade que não poderiam comparecer aos jogos. De acordo com as instruções dadas antes do início do Mundial, mais um ‘no-show’ significará o adeus à possibilidade de ver outros jogos in-loco.

Brasil X Japão


:: Para quem mora perto da UnB: liga teu radinho, levanta a antena e põe em 101,3 FM (a nova frequência da Ralacoco)

:: Restante do Brasil e do mundo: entrem no site http://ralacoco.radiolivre.org ou abram diretamente por aqui (http://ralacoco.radiolivre.org/ralacoco.m3u)Anotou? Então, é isso. Quinta-feira, 22 de junho, às 16h, Brasil x Japão.

Comentários deste que vos bloga,

Joey Tchutchua

Nada de pedágio na internet

Lawrence Lessig * , Robert W. McChesney *

O Congresso americano está prestes a realizar uma votação histórica sobre o futuro da internet. Decidirá se a internet vai permanecer uma tecnologia livre e aberta que fomenta a inovação, o crescimento econômico e a comunicação democrática ou se será transformada em propriedade de empresas a cabo e companhias telefônicas, que poderão colocar cabines de pedágio em todos os acessos e saídas da auto-estrada da informação.

No centro deste debate está a mais importante política pública da qual provavelmente você nunca ouviu falar - a "neutralidade na rede".

Neutralidade na rede significa simplesmente que todo o conteúdo na internet deve ser tratado da mesma forma e movimentado pela rede à mesma velocidade. Os proprietários da fiação da internet não podem fazer discriminação. Este é o projeto simples, mas brilhante, "de ponta a ponta" da internet que fez dela uma força tão poderosa para o bem econômico e social - todas as informações e o controle são detidos pelos produtores e usuários, e não pelas redes que os conectam.

As proteções que garantiam a neutralidade da rede foram uma lei desde o nascimento da internet - vigorando até o ano passado, quando a Federal Communications Commission (Comissão Federal de Comunicações) eliminou as normas que impediam as empresas a cabo e de telefonia de discriminar provedores de conteúdo. Isso desencadeou uma onda de anúncios da parte de diretores-presidentes de empresas telefônicas dizendo que planejam fazer exatamente isso.

Agora o Congresso está diante de uma decisão. Vamos devolver a neutralidade à rede e manter a internet livre? Ou vamos deixar que ela morra nas mãos dos proprietários de redes que estão ansiosos para se transformarem em guarda-cancelas do conteúdo? As implicações de se perder para sempre a neutralidade da rede não poderiam ser mais graves.

A atual legislação, que conta com o respaldo de empresas como AT&T, Verizon e Comcast, permitirá que as firmas criem diferentes camadas de serviços online. Elas poderão vender acesso à via expressa para grandes empresas e relegar todos os demais ao equivalente digital a uma tortuosa estrada de terra. Pior ainda: esses guardiães determinarão quem vai ter tratamento especial e quem não vai.

A idéia deles é se postar entre o provedor de conteúdo e o consumidor, exigindo um pedágio para garantir um serviço de qualidade. É o que Timothy Wu, um especialista em política da internet da Columbia University, chama de "modelo de negócios Tony Soprano (personagem que é chefe da máfia da série de televisão Família Soprano)". Ou seja, extorquindo dinheiro para proteção de todos os sites na web - desde o menor dos blogueiros até o Google -, os proprietários de rede terão imensos lucros.

Sem a neutralidade da rede, a internet começaria a ficar parecida com a TV a cabo. Uma meia dúzia de grandes empresas controlarão o acesso ao conteúdo e sua distribuição, decidindo o que você vai ver e quanto vai pagar por isso. Os grandes setores como os de assistência médica, finanças, varejo e jogo vão se defrontar com enormes tarifas para o uso rápido e seguro da web - todos sujeitos a negociações discriminatórias e exclusivas com as gigantes da telefonia e da telefonia a cabo.

Perderemos a oportunidade de expandir vastamente o acesso e a distribuição de notícias independentes e de informações comunitárias por meio da televisão de banda larga. Mais de 60% do conteúdo da web é criado por pessoas comuns, e não por empresas. Como essa inovação e produção vão progredir se seus criadores vão precisar pedir permissão a um cartel de proprietários de rede?

O cheiro dos lucros caídos do céu paira no ar em Washington. As empresas de telefonia estão fazendo o máximo possível para legislar para si mesmas o poder do monopólio. Estão gastando milhões em dólares em propaganda nos círculos do poder em Washington, em lobistas muito bem pagos, em firmas de pesquisa e consultoria que podem ser "compradas" e em operações de falsas bases populares com nomes Orwellianos como Hands Off the Internet e NetCompetition.org.

A elas se opõem uma coalizão de verdadeiras bases populares de mais de 700 grupos, 5 mil blogueiros e 750 mil americanos que se arregimentaram para apoiar a neutralidade da rede no site www.savetheinternet.com. A coalizão é de esquerda e de direita, comercial e não comercial, pública e privada. Conta com o apoio de instituições das mais diversas áreas. Inclui também os fundadores da internet, as marcas famosas do Vale do Silício e um bloco de varejistas, inovadores e empreendedores. Coalizão de tais amplitude, profundidade e determinação são raras na política contemporânea.

A maioria dos grandes inovadores da história da internet começou na garagem de suas casas, com grandes idéias e um pequeno capital. Isso não é por acaso. As proteções à neutralidade da rede minimizaram o controle pelos proprietários de rede, maximizaram a competição e convidaram forasteiros a inovar. A neutralidade da rede garantiu um mercado livre e competitivo para o conteúdo da internet. Os benefícios são extraordinários e inegáveis.

O Congresso está decidindo o futuro da internet. A questão que se apresenta é simples: deve a internet ser entregue à meia dúzia de empresas a cabo e de telefonia que controlam o acesso online de 98% do mercado de banda larga? Somente um Congresso cercado por lobistas de telecomunicações de alto preço e recheado com contribuições para campanha poderá possivelmente considerar um tal ato absurdo.

As pessoas estão acordando para o que está em jogo, e suas vozes estão ficando cada vez mais altas a cada dia que passa. À medida que milhões de cidadãos forem se dando conta dos fatos, a mensagem para o Congresso será clara: Salvem a internet.


* Lawrence Lessig é professor de Direito na Stanford University e fundador do Center for Internet and Society (Centro de Internet e Sociedade).* Robert McChesney é professor de Comunicações na Universidade de Illinois em Urbana-Champaign e co-fundador da entidade para reformulação da mídia Free Press.
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