quinta-feira, julho 06, 2006

Troféu "Cara de Peroba 2006"

Não existe o Troféu ainda. A idéia é do bro Rogério Tomaz. Mas a noticia abaixo mostra que temos um forte candidato ao cargo...


Parlamentares devem se afastar de emissoras de rádio e TV por questão de ética, diz ministro

Priscilla Mazenotti
Repórter da Agência Brasil


Brasília - Os parlamentares que são donos de emissoras de rádio e televisão devem, por uma questão ética, se afastar da direção dessas empresas. A recomendação é do ministro das Comunicações, Hélio Costa. O artigo 54 da Constituição proíbe que deputados e senadores tenham concessões de rádio e televisão.

Mais de 70 parlamentares são donos ou controladores de emissoras, segundo dois levantamentos feitos por dois institutos de pesquisa sobre comunicação no país, o Núcleo de Estudos sobre Mídia e Política (Nemp) da Universidade de Brasília (UnB) e o Instituto de Estudos e Pesquisas em Comunicação (Epcom). São pelo menos 51 deputados e 27 senadores de acordo com os dados.

O ministro avalia que "poucos parlamentares" têm seus nomes na constituição da empresa. "Quando você encontra os nomes, eles são apenas cotistas, não são diretores, não são executivos e não participam da administração da empresa, o que a lei permite. Eu entendo assim: cada um deve pensar como queira, mas, de preferência e eticamente, deve se afastar", disse.

"A lei permite, mas eticamente ele deve ser afastado", disse, em referência à participação, sem que sejam donos da concessão. O ministro citou o próprio exemplo: sócio de uma emissora no interior de Minas Gerais, disse que logo após ter assumido o cargo de ministro vendeu a sua cota na empresa. "Na realidade, eu obtive a concessão antes de ser político, antes de ser deputado. Eu era apenas um jornalista, não tinha participação, de qualquer forma, na administração da rádio. Ainda assim, vendi as minhas cotas para poder assumir o ministério das Comunicações".

"Essa questão ética se resolve na cabeça de cada um. Tem de realmente se afastar. Tem de fazer como vários companheiros meus fizeram e eu mesmo fiz: sair do processo", acrescentou.

Hélio Costa destacou que, a partir do final deste ano e do começo do ano que vem, haverá uma ampla discussão sobre a Lei Geral de Comunicação de Massa. Segundo ele, essa discussão será a melhor forma de evitar o uso político dos meios de comunicação. "Dentro dessa discussão, tenho certeza que nós resolveremos essas questões todas", disse.

Ele disse que o ministério está pedindo a documentação dessas emissoras para que, após a sugestão de afastamento das empresas, o processo de aprovação ou renovação das outorgas possa ser reiniciado.

06/07/2006

O ator principal não foi convidado

Por Venício A. de Lima em 4/7/2006, Publicadono Observatório da imprensa...


Uma das maneiras de se identificar os interesses em jogo em determinada
decisão é verificar como se manifestam sobre ela os principais atores
envolvidos ou seus representantes. No caso da adoção pelo Brasil do modelo
japonês para a TV digital, decidida pelo governo na quinta-feira (29/6), não
poderia haver clareza maior sobre quem ganhou e quem perdeu ou sobre quais,
de fato, foram os interesses atendidos.

Na véspera da assinatura do decreto presidencial, a Frente Nacional por um
Sistema Democrático de Rádio e TV Digital, que reúne as mais representativas
entidades da sociedade civil, havia divulgado carta aberta à sociedade
brasileira sob o título "Decisão sobre a TV digital: Governo próximo de erro
histórico" ,na qual se afirmava que a escolha do padrão japonês (ISDB)
"significa a morte do SBTVD (Sistema Brasileiro de TV Digital), cuja
proposta inicial baseava-se em princípios como a democratização das
comunicações, a promoção da diversidade cultural, a inclusão social, o
desenvolvimento da ciência e indústria nacionais". E mais,

"...ao optar pelo ISDB, o governo despreza o acúmulo social que sustentou
sua eleição e submete-se de maneira subserviente aos interesses dos
principais radiodifusores do país, especialmente aos das Organizações Globo.
Se levar adiante o anúncio pelo ISDB, o governo brasileiro, infelizmente – e
à semelhança dos anteriores –, seguirá tratando a comunicação exclusivamente
como uma moeda de troca política."

Já o jornal O Globo, porta voz das Organizações Globo, no dia seguinte à
decisão, estampou editorial sob o título "Rumo certo" no qual critica como
"megalomaníaca e dessintonizada [sic] da realidade" a decisão anterior do
governo Lula de tentar desenvolver um sistema nacional e completa:

"...o país optou pelo melhor [sistema de TV digital] , de origem japonesa,
mais adequado às necessidades brasileiras do que as tecnologias
concorrentes, americana e européia. (...) As emissoras, a indústria e o
Estado brasileiro entram numa contagem regressiva de sete anos para a
conversão da TV analógica em digital. Pelo menos, a direção está definida, e
no rumo certo.

Platéia seleta

Quem acompanha o desenvolvimento do setor de comunicações no país não ficou
surpreso ao constatar que, mais uma vez, venceram os interesses dos grupos
privados que historicamente controlam a nossa mídia. Também não há qualquer
surpresa no fato de que perderam os grupos que lutam pela democratização da
comunicação e pelo interesse público. Nada de novo.

No seu discurso durante a solenidade de assinatura do decreto no Palácio do
Planalto, o presidente Lula insistiu na relação democrática que seu governo
construiu com a sociedade brasileira para concluir o projeto que foi
discutido com quem quis discutir. E mais: disse que o processo de decisão
havia sido encaminhado de forma participativa com o envolvimento da
sociedade, "como é normal neste nosso mandato".

Curiosamente, no entanto, quem assistiu à cerimônia transmitida pela
NBR/Radiobrás, deve ter notado que lá estavam representantes das empresas de
radiodifusão privadas e públicas, da indústria de eletroeletrônicos, de
universidades privadas e públicas, ministros do Brasil e do Japão,
senadores, deputados e funcionários do governo de diferentes escalões.

Sem convite

Quem não estava lá? Não estava lá quem representasse diretamente os 180
milhões de telespectadores brasileiros que mal sabem o que é TV digital.

Esses telespectadores certamente não sabem que perdemos a maior oportunidade
histórica para quebrar o oligopólio da televisão brasileira e avançar na
democratização das comunicações. Também não sabem que os mesmos grupos
privados continuarão a decidir a maior parte do que vemos e ouvimos.

Não estava lá quem não tem a menor idéia do porquê da pressa para se tomar
essa decisão e vai, ao final de tudo, pagar a conta assim mesmo.

As dezenas de entidades da sociedade civil que mais legitimamente
representam o interesse público não estavam lá. Talvez não tenham sido
convidadas para a festa. O ator mais importante e em nome de quem tudo
deveria estar sendo feito, como sempre, não saiu na foto.

ALEMANHA X GRÈCIA

quem ganha este jogo? Acho que a Grécia, pois tem o Sócrates

http://www.youtube.com/watch?v=McwlvqGnFpM