quinta-feira, dezembro 07, 2006

De oaxaca para o mundo

2 de dezembro de 2006.
COPAI-México.
I. A Outra Campanha no norte do México: dizer "Oaxaca" em cima ou em baixo
Centenas de detidos e detidas ilegalmente, dezenas de desaparecidos,torturas, golpes. Homens e mulheres jovens, indígenas, meninos e meninas,anciãos e anciãs. Como quem diz: o povo oaxaqueño de baixo. Em cima aPolícia Federal Preventiva, os paramilitares de Ulises Ruiz, os grandesmeios de comunicação, a classe política.
Calar frente a isso é dizer "Oaxaca" de cima, e de cima fazer os clientescontentes... e idiotas
Porque lá em cima se apressam em declarar que tudo voltou a normalidade eque o "conflito" está controlado porque foram detidos "os dirigentes",como se esse movimento tivesse "líderes" para serem comprados ou presos oumortos. Dizem que agora é necessário se voltar para o outro lado. Querdizer, não deixar de olhar para cima, para a parafernália do poderpolítico, para suas simulações, sua aparência de que mandam e ordenamenquanto o verdadeiro Poder dá a ordem do dia a seus meios de comunicação,comentaristas. locutores, artistas, intelctuais, chefes de polícia,militares e paramilitares.
Dizer "Oaxaca" de baixo é dizer companheira e companheiro, é acolher quemé perseguido, é mobilizar as forças próprias para a apresentação dosdesaparecidos, para a libertação das detidas e dos detidos, é informar, échamar a solidariedade e o apoio internacional, é não calar, é dizer estador do sul e indicar que se extende por todo o país e mais além dasfronteiras dos quatro lados, como se fosse por baixo por onde se nomeiam,se falam, se escutam, se caminham as dores.
Oaxaca se extende na dor, mas também na luta. Pedaçoes deste povo, como sede um quebra-cabeças de tratasse, se espalham por tod o territórionacional e mais além de um limite geográfico que, ao menos no norte, émais ridículo do que nunca.
Durante os dois meses que caminhamos nas diferentes esquinas do nortemexicano, Oaxaca foi aparecendo uma e outra vez. E se vestia de dor eraiva, e nos falava e nos olhava.
E a Outra escutou e escuta, e estende os braços como estenderam, emsolidariedade com Oaxaca, os limites de zapatistas que em duas ocasiõesparalizaram as estradas de Chiapas, e as Outras em todos os rincões doMéxico de Baixo, e os outros e outras nas esquinas do mundo. Como osestendem. Como continuarão estendendo embora ninguém leve em conta, comonão seja o espelho fragmentado que somos quem ninguém somos.
Diante de Oaxaca, para Oaxaca e por Oaxaca, dizemos:
COMUNICADO DO COMITÊ CLANDESTINO REVOLUCIONÁRIO INDÍGENA - COMANDO GERALDO EXÉRCITO ZAPATISTA DE LIBERTAÇÃO NACIONAL. MÉXICO.
2 de dezembro de 2006.
Ao povo do México:
Aos povos do mundo:
Irmãos e irmãs:
O ataque que sofreu e sofre nosso povo irmão de Oaxaca não pode serignorado por quem lutamos pela liberdade, justiça e democracia em todos osrincões do planeta.
Por isso, o EZLN chama todas as pessoas honestas, no México e no mundo,para que se iniciem, desde já, ações contínuas de solidariedade e apoio aopovo oaxaqueño, com as seguintes demandas:
Pela apresentação com vida dos desaparecidos, pela libertação das detidase detidos, pela saída de Ulises Ruiz e as forças federais de Oaxaca, pelocastigo aos culpados pelas torturas, violações e assassinatos. Em suma:pela liberdade, democracia e justiça para o povo de Oaxaca.
Chamamos a que nesta campanha internacional se diga, de todas as formas eem todos os lugares possíveis, o que ocorreu e ocorre em Oaxaca, cada um aseu modo, tempo e lugar.
Chamamos a que estas ações confluam em uma mobilização mundial por Oaxacano dia 22 de dezembro de 2006.
O povo Oaxaqueño não está só. É necessário dizer e demonstrar, a ele e atodos.
Democracia! Liberdade! Justiça!
Pelo Comitê Clandestino Revolucionário Indígena - Comando Geral doExército Zapatista de Libertação Nacional.
México.
Subcomandante Insurgente Marcos.
México, dezembro de 2006.
II. 45 mil kilometros em (Outra) Campanha
Em sua participação na primeira etapa da Outra Campanha, a Comissão Sextado EZLN correu por volta de 45 mil quilometros (47 mil 890, alguém anotou)no território do que já podemos chamar, com conhecimento de causa, efeitoe destino, o Outro México, o dos de baixo.
O que vimos e escutamos não só deixou por terra aquilo dos 31 estados e umDistrito Federal, já que nos encontramos com companheiros e companheirasde, pelo menos, 35 entidades: las 32 da geografia dos de cima, mais aComarca Lagunera, a Huasteca e essa entidade que cresce em identidadeprópria ao norte do rio Bravo.
O alento que move a Outra Campanha é tão grande que não cabe nem dentrodas fronteiras: ao norte do rio Bravo há outro México.
"Nunca perderemos. Estamos aqui. Vamos estar aqui sempre", disse umamenina chicana que sabe o que diz.
Escutamos e vimos muitos Méxicos, com cores e línguas distintas, compassos diferentes. E com eles nos demos conta que todos se fazez um aofalar a dor e atuar a rebeldia.
A pé, de moto, a cavalo, de bicicleta, de carro, trem e barco, fizemos 45mil kilometros de campanha bem outra e, para usar as palavras de umamulher indígena rarámuri, na serra Tarahumara, "vimos a doença e aí mesmoencontramos o remédio".
Com luz própria brilhou a dor, e começou a cintilar a árvore daresistência que abaixo está enraizada há séculos.
Não podemos continuar resistindo sozinhos, cada um por seu lado.Necessitamos nos unir, por nós e por todos.
Em poucas palavras, México só poderá viver se vive o México de baixo.
E no México de baixo só poderá viver com a liberdade d@s pres@s de Atenco,a de tod@s @s pres@s políticos do país, a apresentação com vida d@sdesaparecid@s e o cancelamento de todas as ordens de apreensção contralutador@s sociais.
III. Nem azul nem amarelo, o Outro Norte também existe
As quatro rodas do capitalismo: expoliação, desprezo, exploração erepressão, unem em baixo o que em cima dividem baseados em pesquisas edesejos azuis e amarelos.
A Outra Campanha recuperou o país, descubriu que o norte é também México.
Alguns botões de mostra:
Há uma linha em cima que une Teacapán a dautillo, em Sinaloa, com IslaMujeres, em Quintana Roo, e Puerto Progreso, em Yucatán; Joaquín Amaro aSan Isidoro, em Chiapas, com Matamoros, em Tamaulipas, e El Mayor, naBaixa Califórnia.
Nestas oito esquinas do México de baixo, famílias de pescadores sãoperseguidas por trabalhar. Assim se dá a criminalização do trabalho, baixoo corte do cuidado do meio ambiente.
A política ambiental dos governos neoliberais, tanto o federal como osestatais e municipais, é de destruição da natureza... ou de arrebatá-lasde seus legítimos guardiãos para entregá-la à voracidade das grandesempresas.
Por outro lado, em três estados, Sonora, Zacatecas e San Luis Potosí,governados pelo PRI, PRD e PAN, respectivamente, se pode constatar o querepresenta isso de "mantes as variáveis macroeconômicas".
Neles se dá a detruição do campo mexicano e a despovoação pela expulsão demilhões de mexicanos para os Estados Unidos. E a reconstrução das velhasfazendas porfiristas e seu redobramento com migrantes indígenas dosestados do sul e sudeste mexicano.
No México, a "modernidade" é voltar a época porfirista.
IV. Depois do século XIX, em cima continua... o século XIX
A máquina de fazer mecadorias se esconde na causa mas não no efeito. Portrás do mercado e por trás do salário se oculta o núcleo forte do sistema:a propriedade privada dos meios produção e troca.
As novas nações que participam na neoconquista do México estão formadaspelos bancos, as indústrias e o comércio, todos estrangeiros. E seusexércitos de conquista e ocupação são deputados, senadores, presidentesmunicipais, deputados locais, governadores, presidentes da República,secretários de Estado.
Esta é a história presente que une o México ao norte, centro e sul. Ostempos do fim do século XIX e inícios do XX voltaram:
- Expropriação de terras.
- Destruição da cultura e da história.
- Destruição da natureza.
- Destruição do tecido comunitário.
- Destruição da cultura organizativa.
- Violência de gênero contra as mulheres, intrafamilitar, social, culturale institucional.
- Desprezo aos mais velhos.
- Mercantilização da infância.
- Criminalização da juventude.
- Privatização do ensino médio e superior
- Desmantelamento do sistema educativa primário e secundário.
- Desmantelamento da segurança social.
- Destruição e reconstrução das condições laborais, para voltar ao tempode Porfírio Díaz.
- Repressão do comércio ambulante e asfixia do pequeno e médio comércio;para benefício do grande capital comercial estrangeiro.
- Desprezo e repressão a diferença sexual, inclusive dentro da esquerda.
- Autismo perverso dos grandes meios de comunicação.
" A fome mata, mas a dignidade indígena levanta", nos disse uma mulherindígena, chefa dos kumiai.
No México se trabalha para não morrer e se morre no trabalho.
V. Somos quem somos
O corpo principal da Outra Campanha são indígenas, jovens e mulheres.Trabalhadors do campo e da cidade, tod@s el@s.
No norte encontramos Oaxaca nos triquis, mixtecos e zapotecos; e tambémnos kumiais, kiliwas, kukapás, tohono o'odham o papágos, comca'ac o seris,pimas, yaquis, mayos yoreme, rarámuris, caxacanes, coras, wixaritari,kikapús, maskovos, teenek, pames, nahuas, chichimecas, tepehuanos,guarijios.
Nos povos, tribus e nações indígenas do norte é mais freqüente e naturalencontrar mulheres como chefes, dirigentes e líderes.
"Queremos continuar sendo o que somos", nos disse uma indígena rarámuri. Epoderia ter dito um ou uma jovem, uma mulher.
"Que caminhe a voz, para dar força a este mundo", diz a mulher, jovem eindígena no norte do México.
VI. Abaixo, um coração se conhece
A luta anticapitalista não nasce com a Sexta Declaração e a OutraCampanha; seguiu e segue muitos caminhos em organizações políticas,sociais, não governamentais, povos índios, coletivos, grupos, famílias eindivíduos.
A Sexta e a Outra foi o chamado para nos encontrarmos, nos conhecermos,nos respeitarmos, nos unirmos.
E se fez.
Agora devemos todos, todas, responder como Outra Campanha quem somos, ondeestamos, como vemos o México e o mundo, o que queremos fazer e como vamosfazer.
Por isso estamos convidando para a consulta interna de 4 a 10 de dezembrodeste ano.
A Outra Campanha não é outra luta abaixo, é a de cada um, mas estendendooutros laçoes, os de solidariedade e apoio, os da mesma dor e idênticarebeldia, os do respeito, os das diferenças conhecendo-se ereconhecendo-se.
O Outro México começa em baixo. E não termina até que se refaça, porquefalta o que falta.
A Outra Campanha se faz Outra frente ao de cima e seus espelhos. Não vamosconfluir nem nos unir. Quem se opõe a Calderón de cima não busca umamudança do país, mas chegar ao Poder. Quem nos opomos a Calderón de baixo,estamos contra tudo o que lá em cima simula idéias e pratica desprezos.
O oficial será derrotado, e o "legítimo" também, e o mesmo o nome que tomequem suponha que tudo voltará a ser igual e que de cima se decide por econtra os de baixo, para administrar o mesmo pesadelo do qual padecemos.
Este país está cheio de esquinas, de rincões. Daí, e não dos palácios, dassedes de governo e bunkers da classe política, sairá, crescerá e seráoutra alternativa.
Todo o país vive num cárcere, mas há cárceres que parecem e são prisões.Por isso a luta pela apresentação com vida dos desaparecidos, a liberdadepara @s pres@s de Atenco, e agora de Oaxaca, devem ser parte de umacampanha nacional.
Junto a isso, se podem levantar movimentos nacionais contra as altastarifas elétricas, a defesa e proteção do meio ambiente e a promoção docomércio ambulante e pequeno comércio, assim como o boicote ao grandecomércio.
Como zapatistas chamamos a atenção sobre o que tem de contribuição aslutas anticapitalistas de grupos e coletivos anarquistas e libertários emsua autogestão.
Em Chihuahua nos contaram dos tlatoleros, os mensageiros indígenas quecorriam os povos convidando a levantarem-se contra o virreinato. De uma ououtra forma, temos sido e seremos isso.
Enquanto quem olhou para cima voltam ao cotidiano e ao tema da moda, aOutra Campanha olha a si mesma, se define, se prepara.
Em cima olham, falame perguntam pelo 2012. Abaixo a Outra Campanhacontinuará perguntando quem e o que no Programa Nacional de Luta, depois ocomo e quando. Então o calendário de cima será deixado de lado e seguiráoutro de baixo e à esquerda.
Chegou a hora. Seremos o que somos, mas outros melhores.
É necessário despertar.
Subcomandante Insurgente Marcos.
Comissão Sexta do EZLN.
Delegado Zero.
México, dezembro de 2006.
P.S.: No quartinho sem janelas de Sombra, só o relojo permite distinguir odia da noite. Aí sempre é madrugada. Sombra se prepara agora para voltaràs sombras de onde nasceu e o alimentam. Faz contas e recontas. Se acomodade novo o coração rompido e cheio de cicatrizes e remendos. Leva anclas,acende velas. Outros país leva colado nos pés, na pelo, nos ouvidos e noolhar. Leva uma dor e uma raiva que não cabe nas palavras de todas aslínguas. Nas montanhas do sudeste mexicano, no moreno coração coletivo quemanda, espera uma resposta que já conhece há séculos: é necessárioamanhecer, como por si mesmo amanhece, quer dizer, com dor e com raiva.Sombra sabe o que escutará da morena montanha que o guia. Dando alívio ádor e esperança à raiva, em língua ancestral dirá: "Não se preocupe muito,não tenha pena, que não esteja triste o coração de nossa Pátria, poruqeainda falta o que falta".

quarta-feira, dezembro 06, 2006

Diversidade sexual e controle público dos meios são temas do próximo "Vozes na TV"

O programa Vozes na TV do dia 07 de dezembro recebe Paulo Mariante, membro do Identidade - grupo de ação pela cidadania homossexual. O bate-papo é sobre diversidade sexual e sobre como a mídia trata este tema.
Em questão, estarão, por exemplo, programas homofóbicos (como as pegadinhas), novelas que tratam o tema de maneira superficial ou distorcida e a necessidade de a sociedade intervir, fiscalizando a programação (principalmente da TV) e os conteúdos veiculados na mídia em geral, denunciando violações dos direitos humanos pelos meios.
A importância do controle público da comunicação será tratada tendo como pano de fundo a experiência do programa Direitos de Resposta, veiculado entre dezembro e janeiro do ano passado, fruto de uma Ação Civil Pública movida por 6 organizações da sociedade civil (entre elas, o Intervozes e o Grupo Identidade) e o Ministério Público Federal, contra o programa Tardes Quentes, do apresentador João Kleber, da Rede TV!.

O Vozes na TV é semanal e tem uma hora de duração.
É exibido sempre ao vivo, às quintas-feiras, das 16h às 17h.

Sobre o programa

O Vozes na TV é uma produção do Intervozes - Coletivo Brasil de Comunicação Social para a AllTV (
www.alltv.com. br). Pretende ser um espaço democrático para que movimentos sociais, organizações da sociedade civil e ativistas dos Direitos Humanos no Brasil exerçam seu Direito à Comunicação.
Para isso, quer promover debates sobre o Direito à Comunicação, a Democratização da mídia no Brasil e sua importância para a construção de uma sociedade igualitária. É também um ambiente para que movimentos e ativistas levantem suas vozes e ocupem a rede para falar da sua luta e debater sobre como a concentração da mídia e as políticas precárias de comunicação no Brasil interferem na efetivação e garantia destes direitos no país.
O programa tem três blocos. Um primeiro em que a apresentadora Daniele Ricieri e um/a convidado/a do Intervozes falam sobre temas da conjuntura da comunicação no Brasil e no mundo, de atualidades no campo da mídia e fazem análises críticas da mídia e da cobertura a determinados temas. Outros dois blocos em que são tratados - com o convidado do dia - temas específicos dos movimentos sociais e Direitos Humanos: questão racial, diversidade cultural, questão agrária, direitos das mulheres, diversidade sexual, educação, saúde, participação popular, entre outros.


Como participar

Se você, sua organização, movimento ou coletivo tem uma sugestão de pauta, quadro ou convidados/as para o programa, escreva para vozesnatv@intervoze s.org.br
Também é possível participar ao vivo do programa pelo www.alltv.com. br, fazendo parte do chat ou enviando mensagens e perguntas aos apresentadores e entrevistados/ as.

Sobre o Intervozes

O Intervozes é uma associação civil que atua para transformar a comunicação em um bem público e efetivá-la como um direito humano fundamental para a realização plena da cidadania e da democracia.
Foi umas das organizações responsáveis pela realização do programa Direitos de Resposta, veiculado entre dezembro de 2005 e janeiro de 2006 na Rede TV! como fruto de uma Ação Civil Pública movida pelo Ministério Público Federal e outras 6 organizações contra o programa Tardes Quentes, do apresentador João Kleber.
Naquela ocasião, criou-se algo sem precedentes na história da televisão brasileira: um espaço na televisão privada, ocupado por produções audiovisuais de movimentos, organizações e produtores independentes de todo o Brasil. Produções e produtores que não têm voz nem vez no cenário atual das comunicações no Brasil.


Vozes na TV
Todas as quintas-feiras, das 16h às 17h, em
www.alltv.com. br
Informações:
Bel Mercês - (11) 8202-0981
Daniele Ricieri - (11) 9647-5233
Michelle Prazeres - (11) 8558-0331

terça-feira, setembro 19, 2006

Dia Mundial Sem Carro na Ralacoco

Dia 22 de setembro é o Dia Mundial sem Carro. Para contestar a cultura do automóvel e mostrar à cidade os benefícios do uso de outros meios de transporte. Em todo o mundo a população é convidada a deixar o carro em casa e utilizar meios de transportes públicos ou alternativos, ou seja, usar mais os ônibus, bicicletas ou mesmo andar à pé em pequenos trajetos.
Em todo o mundo haverá mobilizações a respeito. na quinta feira que vem, meio dia (horário de Sobradinho- DF) membros da organização do Dia Mundial sem Carro em Brasília estará na Hora Tchutchuá falando do evento.

Pode-se ouvir a rádio através do 101,3 fm ou pela internet.

Mas se você não tá agüentando de curiosidade para saber sobre este dia mundial sem carros, veja a visão d@s ciclistas sobre o assunto:

http://www.rodasdapaz.org.br/
http://www.bicicletada.org
http://apocalipsemotorizado.blogspot.com

"Liberdade, essa palavra"

No dia 28 de julho foi exibido pela primeira vez o vídeo documentário "Liberdade, essa palavra", trabalho de conclusão de curso de Jornalismo pela UFMG do então estudante Marcelo Baêta. Depois desta data, o vídeo, que denuncia a censura à imprensa por parte do governador do Estado Aécio Neves, começou ser comentado no boca-a-boca pelos bastidores da imprensa mineira e do meio político. No dia 21 de agosto, o foi colocado à disposição no endereço www.amplifique.com . Além do vídeo, ali estão todas as intenções do autor e detalhes da pesquisa, apuração e entrevistas. Três dias depois, uma versão do vídeo foi publicada no Youtube.com, com desconhecimento total do autor. Essa versão está dividida em duas partes e não apresenta o final e os créditos do documentário.Na noite do dia 02 de setembro a campanha para a reeleição do governador Aécio Neves lança também no youtube.com um vídeo intitulado "Liberdade de Imprensa em Minas" com o objetivo de "comprovar a fraude praticada em um vídeo em que o PT de Minas Gerais está difundindo na internet." Afirmando que as entrevistas foram editadas, o vídeo tucano procura os entrevistados para que dêem sua palavra "agora, sem edições", sendo que em 3 segundos de fala, a primeira edição é feita, numa tentativa de desqualificar o vídeo como denúncia. A alegação é de que o vídeo documentário do jornalista Marcelo Baêta é um material eleitoreiro do PT, sendo que há mais de 40 dias o meio da imprensa e política já sabia da existência do documentário. Nada melhor do que ver, difundir e tirar suas próprias conclusões.
(fonte: http://www.midiaindependente.org/pt/blue/2006/09/360277.shtml)

Cartunista brasileiro é ameaçado por partido conservador de Israel

No dia 5 de setembro foi publicado no site do Likud - partido conservador da direita israelense - uma matéria ameaçando o cartunista brasileiro Carlos Latuff por seu ativismo artístico em defesa do povo palestino. O site afirma que o cartunista, através de seu "talento gráfico fantástico", quer o fim do Estado de Israel. A matéria constrói uma série de calúnias, tentando ligar o cartunista ao nazismo, anti-semitismo, "campeão da indústria de maldades iraniana" e muitas outras. Também critica as autoridades de segurança de Israel, entre elas, a Mossad - Instituto de inteligência e operações especiais de Israel - por não terem coletado "informações" sobre o mesmo e afirma: "deveriam ter cuidado desse Carlos há muito tempo, de um jeito ou de outro". Depois, convoca todos/as leitores/as a fazer algo com o objetivo de calar Latuff, afirmando que ele é a principal voz da contra-propaganda das ações do governo israelense, e comparado-o com Goebbels, o ministro de propaganda do nazismo. Pede que ele seja processado, que seja contactada a embaixada brasileira e que sejam usados todos os mecanismos possíveis para intimá-lo, já que "o que Israel está fazendo? Nada!!!".
Em mensagem que está circulando na internet, o cartunista afirma que: "se eles podem cometer 'assassinatos seletivos' de palestinos e cobrir Beirute com toneladas de bombas matando centenas de civis, não seria difícil 'neutralizar' um cartunista no Brasil, seria? Ameaças de morte, tentativas baratas de me aterrorizar, contudo, não vão impedir que eu continue apoiando a luta dos palestinos contra a brutal ocupação israelense. Tudo o que os capangas do Likud podem fazer é me silenciar com uma bala, mas nunca serão capazes de silenciar minha arte. Será preciso mais do que isso para calar".

Fonte: http://www.midiaindependente.org/pt/blue/2006/09/360283.shtml

terça-feira, agosto 29, 2006

Da série, "Assim Caminha o Brasil..."

Desde anteontem que todos os veículos de comunicação com sede ou escritório em Brasília estão proibidos pela Justiça de mencionar a existência da fita de áudio onde Roriz e o advogado Eri Varela destratam o deputado José Roberto Arruda, candidato do PFL. Tal fita foi exibida no
pelo próprio Eri no último sábado durante inauguração de comitê eleitoral no centro da cidade. A fita tocou por três vezes diante de cerca de 500 pessoas. Sequiserem ouvir, ouçam aqui.
A pedido do ex-governador Joaquim Roriz, a Justiça concedeu liminar proibindo os candidatos ao governo do Distrito Federal de fazerem qualquer tipo de referência à (veja aqui). Aonde? Em tudo que é espaço.
Nas eleições de 2002, a Justiça proibiu os veículos de comunicação de publicar gravações de telefonemas feitas pela Polícia Federal no curso de uma investigação sobre grilagem de terras. Uma das gravações flagrou conversa suspeita do então governador Joaquim Roriz com o acusado de grilagem Pedro Passos. Hoje, Passos é deputado distrital. Concorre a reeleição.

Libertaram Jaime Amorim

mais detalhes veja reportagem da Carta Maior.

Mas por ele ter sido preso é que eu pergunto:

QUE PAÍS FOI ESSE?

segunda-feira, agosto 21, 2006

Líder do MST em Pernambuco é preso à saída de velório

A manchete acima é da página do JC on line. Pra quem quiser ler: http://jc.uol.com.br/2006/08/21/not_117922.php

Se quiserem uma versão mais completa: http://agenciacartamaior.uol.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=12035

É bom rearfirmar de que velório Jaime Amorim vinha. De Josias de Barros Ferreira. 28 anos. Da direção estadual do movimento em Pernambuco. Morreu de morte matada. Junto com Samuel Matias Barbosa, da direção da região metropolitana de Recife.
A grande imprensa diz que foi disputa entre sem terra. Gente que queria aceitar grana numa retirada de pessoas de um assentamento.
E tem a versão de que foi gente infiltrada por politicos da cidade. Sabe, pessoal que queria dividir o Movimento. Pelo que tenho visto por aí, esta versão é muito mais crível...

A alguns anos atrás eu achava MST algo distante. Só via o que era mostrado na Midia. De baderneiro pra baixo. Aí comecei a fazer atividades em conjunto com o pessoal.

Quando você começa a ver quem são os tais "baderneiros" do MST não consegue sentir indiferente com estas notícias. Pelo menos se você guarda um pouco de humanidade dentro de si. Alguns dos momentos mais profundos que tenho foram em assentamentos, acampamentos, e atividades em comum junto ao MST.

Outros momentos, como este, são profundos também...

quarta-feira, agosto 16, 2006

Regras para leitura da imprensa no conflito Israel-Árabes/Palestinos

Veja (no bom sentido) as regras que todo mundo deve ter em mente quando escuta ou lê os noticiários:

Regra 1 - No Oriente Médio, são sempre os árabes que atacam primeiro e sempre Israel que se defende. Esta defesa chama-se represálias.

Regra 2 - Os árabes palestinos ou libaneses não têm o direito de matar civis. Isso se chama terrorismo.

Regra 3 - Israel tem todos os direitos de matar civis árabes. Isso se chama legítima defesa.

Regra 4 - Quando Israel mata civis, as potências ocidentais pedem que seja mais comedida. Isso se chama uma reação da comunidade internacional.

Regra 5 - Os palestinos e os libaneses não têm o direito de capturar combatentes de Israel mesmo que o número dos capturados seja inferior a três soldados. Isso se chama seqüestrar pessoas indefesas.

Regra 6 - Os israelenses têm o direito de levar a qualquer hora e de qualquer lugar quantos palestinos e libaneses desejarem (atualmente são mais de 10 mil, incluindo 300 crianças e 1.000 mulheres). Não há limite e não precisam ter provas de culpabilidade de crimes cometidos pelos seqüestrados. Basta mencionar a palavra mágica ``Terrorista`` como justificativa. Israel pode manter os seqüestrados presos indefinidamente.

Regra 7 - Quando se menciona `Hezbollah``, é obrigatório na mesma frase dizer a expressão ``apoiado e financiado pela Síria e pelo Irã``.

Regra 8 - Quando se menciona ``Israel``, é proibido falar a expressão ``apoiado ou financiado pelos Estados Unidos``. Isso pode dar a impressão de que o conflito é desigual e que Israel não está em perigo existencial.

Regra 9 - Nunca falar de ``Territórios Ocupados`` ou de resoluções da ONU, nem violações de direitos humanos ou internacionais nem da convenção de Genebra. Isso pode perturbar os israelenses ou os ocidentais, especialmente os telespectadoras da CNN, da FOX, da BBC, etc.

Regra 10 - Tanto os palestinos quanto os libaneses são covardes que se escondem entre a população civil que não os querem. Eles dormem com as suas famílias nas suas casas. Isso se chama de covardia. Israel tem todo o direito de aniquilar os bairros onde eles estão. Isso é permitido e se chama de ``ações cirúrgica dealta valentia``.

Regra 11 - Os israelenses falam melhor o inglês, o francês, o espanhol, o português etc. que os árabes. E, por isso, eles e os que os apóiam são mais entrevistados e têm mais oportunidade que os árabes para explicar as presentes regras (Isso se chama de neutralidade jornalística).

Regra 12 - Todas as pessoas que não estão de acordo com o exposto acima são definitivamente terroristas e anti-semitas de alta periculosidade.

[Texto enviado pelo Comitê de Solidariedade à Luta do Povo Palestino/RJ. Traduzido do francês por M.N.Manasseh)

quinta-feira, julho 06, 2006

Troféu "Cara de Peroba 2006"

Não existe o Troféu ainda. A idéia é do bro Rogério Tomaz. Mas a noticia abaixo mostra que temos um forte candidato ao cargo...


Parlamentares devem se afastar de emissoras de rádio e TV por questão de ética, diz ministro

Priscilla Mazenotti
Repórter da Agência Brasil


Brasília - Os parlamentares que são donos de emissoras de rádio e televisão devem, por uma questão ética, se afastar da direção dessas empresas. A recomendação é do ministro das Comunicações, Hélio Costa. O artigo 54 da Constituição proíbe que deputados e senadores tenham concessões de rádio e televisão.

Mais de 70 parlamentares são donos ou controladores de emissoras, segundo dois levantamentos feitos por dois institutos de pesquisa sobre comunicação no país, o Núcleo de Estudos sobre Mídia e Política (Nemp) da Universidade de Brasília (UnB) e o Instituto de Estudos e Pesquisas em Comunicação (Epcom). São pelo menos 51 deputados e 27 senadores de acordo com os dados.

O ministro avalia que "poucos parlamentares" têm seus nomes na constituição da empresa. "Quando você encontra os nomes, eles são apenas cotistas, não são diretores, não são executivos e não participam da administração da empresa, o que a lei permite. Eu entendo assim: cada um deve pensar como queira, mas, de preferência e eticamente, deve se afastar", disse.

"A lei permite, mas eticamente ele deve ser afastado", disse, em referência à participação, sem que sejam donos da concessão. O ministro citou o próprio exemplo: sócio de uma emissora no interior de Minas Gerais, disse que logo após ter assumido o cargo de ministro vendeu a sua cota na empresa. "Na realidade, eu obtive a concessão antes de ser político, antes de ser deputado. Eu era apenas um jornalista, não tinha participação, de qualquer forma, na administração da rádio. Ainda assim, vendi as minhas cotas para poder assumir o ministério das Comunicações".

"Essa questão ética se resolve na cabeça de cada um. Tem de realmente se afastar. Tem de fazer como vários companheiros meus fizeram e eu mesmo fiz: sair do processo", acrescentou.

Hélio Costa destacou que, a partir do final deste ano e do começo do ano que vem, haverá uma ampla discussão sobre a Lei Geral de Comunicação de Massa. Segundo ele, essa discussão será a melhor forma de evitar o uso político dos meios de comunicação. "Dentro dessa discussão, tenho certeza que nós resolveremos essas questões todas", disse.

Ele disse que o ministério está pedindo a documentação dessas emissoras para que, após a sugestão de afastamento das empresas, o processo de aprovação ou renovação das outorgas possa ser reiniciado.

06/07/2006

O ator principal não foi convidado

Por Venício A. de Lima em 4/7/2006, Publicadono Observatório da imprensa...


Uma das maneiras de se identificar os interesses em jogo em determinada
decisão é verificar como se manifestam sobre ela os principais atores
envolvidos ou seus representantes. No caso da adoção pelo Brasil do modelo
japonês para a TV digital, decidida pelo governo na quinta-feira (29/6), não
poderia haver clareza maior sobre quem ganhou e quem perdeu ou sobre quais,
de fato, foram os interesses atendidos.

Na véspera da assinatura do decreto presidencial, a Frente Nacional por um
Sistema Democrático de Rádio e TV Digital, que reúne as mais representativas
entidades da sociedade civil, havia divulgado carta aberta à sociedade
brasileira sob o título "Decisão sobre a TV digital: Governo próximo de erro
histórico" ,na qual se afirmava que a escolha do padrão japonês (ISDB)
"significa a morte do SBTVD (Sistema Brasileiro de TV Digital), cuja
proposta inicial baseava-se em princípios como a democratização das
comunicações, a promoção da diversidade cultural, a inclusão social, o
desenvolvimento da ciência e indústria nacionais". E mais,

"...ao optar pelo ISDB, o governo despreza o acúmulo social que sustentou
sua eleição e submete-se de maneira subserviente aos interesses dos
principais radiodifusores do país, especialmente aos das Organizações Globo.
Se levar adiante o anúncio pelo ISDB, o governo brasileiro, infelizmente – e
à semelhança dos anteriores –, seguirá tratando a comunicação exclusivamente
como uma moeda de troca política."

Já o jornal O Globo, porta voz das Organizações Globo, no dia seguinte à
decisão, estampou editorial sob o título "Rumo certo" no qual critica como
"megalomaníaca e dessintonizada [sic] da realidade" a decisão anterior do
governo Lula de tentar desenvolver um sistema nacional e completa:

"...o país optou pelo melhor [sistema de TV digital] , de origem japonesa,
mais adequado às necessidades brasileiras do que as tecnologias
concorrentes, americana e européia. (...) As emissoras, a indústria e o
Estado brasileiro entram numa contagem regressiva de sete anos para a
conversão da TV analógica em digital. Pelo menos, a direção está definida, e
no rumo certo.

Platéia seleta

Quem acompanha o desenvolvimento do setor de comunicações no país não ficou
surpreso ao constatar que, mais uma vez, venceram os interesses dos grupos
privados que historicamente controlam a nossa mídia. Também não há qualquer
surpresa no fato de que perderam os grupos que lutam pela democratização da
comunicação e pelo interesse público. Nada de novo.

No seu discurso durante a solenidade de assinatura do decreto no Palácio do
Planalto, o presidente Lula insistiu na relação democrática que seu governo
construiu com a sociedade brasileira para concluir o projeto que foi
discutido com quem quis discutir. E mais: disse que o processo de decisão
havia sido encaminhado de forma participativa com o envolvimento da
sociedade, "como é normal neste nosso mandato".

Curiosamente, no entanto, quem assistiu à cerimônia transmitida pela
NBR/Radiobrás, deve ter notado que lá estavam representantes das empresas de
radiodifusão privadas e públicas, da indústria de eletroeletrônicos, de
universidades privadas e públicas, ministros do Brasil e do Japão,
senadores, deputados e funcionários do governo de diferentes escalões.

Sem convite

Quem não estava lá? Não estava lá quem representasse diretamente os 180
milhões de telespectadores brasileiros que mal sabem o que é TV digital.

Esses telespectadores certamente não sabem que perdemos a maior oportunidade
histórica para quebrar o oligopólio da televisão brasileira e avançar na
democratização das comunicações. Também não sabem que os mesmos grupos
privados continuarão a decidir a maior parte do que vemos e ouvimos.

Não estava lá quem não tem a menor idéia do porquê da pressa para se tomar
essa decisão e vai, ao final de tudo, pagar a conta assim mesmo.

As dezenas de entidades da sociedade civil que mais legitimamente
representam o interesse público não estavam lá. Talvez não tenham sido
convidadas para a festa. O ator mais importante e em nome de quem tudo
deveria estar sendo feito, como sempre, não saiu na foto.

ALEMANHA X GRÈCIA

quem ganha este jogo? Acho que a Grécia, pois tem o Sócrates

http://www.youtube.com/watch?v=McwlvqGnFpM

quinta-feira, junho 22, 2006

Mais noticias sobre a Copa

Da página do Jornal Brasil de Fato. Como ficaria muita coisa pra postar aqui...
(Fora que é mais gente visitando a página, rs)

http://www.brasildefato.com.br/brasildefato/v01/agencia/especiais/copadomundo
Piada. já devem ter lido ou ouvido por aí.
Zico telefonou e pediu uma ajuda a Parreira:
"O Brasil já está classificado, o Japão não, bem que você podia dar uma mão...".
"OK, Zico, o que você quer? Que eu escale os reservas?", perguntou Parreira.
E Zico, se assustou: "Não, Parreira. Os reservas, não!!!".

Pois é, quem não estava jogando fez gol. Ronaldo (uai, ele jogou as duas partidas anteriores?), Gilberto Silva e Juninho Pernambucano.
Pena que o técnico é o Parreira, que se não é burro, é teimoso. E conservador taticamente, apesar de suas recaídas...
Se em 1982 tivemos um "Põe o ponta, Telê!!!!" agora poderíamos ter um "Põe os reservas, Parreira!!!"
Não deu, gente...

Como anunciado e divulgado amplamente, deveriamos transmitir hoje o jogo Brasil e Japão. Mas a dificuldade de entrada e permanência na UnB no horário do jogo impediram, mas uma vez, da Ralacoco de fazê-lo.

Lamentamos profundamente que os limites da UnB limitem o nosso trabalho. Tentaremos contorna-los para a primeira partida das Oitavas de final.

Coletivo Ralacoco

ralacocofm@gmail.com

domingo, junho 18, 2006

Planeta Futebol

http://diplo.uol.com.br/2006-06,a1329

O futebol é o esporte político por excelência. Ele se situa na encruzilhada de questões capitais como pertencimento, identidade, condição social e até mesmo, por seu aspecto sacrificial e místico, a religião
Ignacio Ramonet

De 9 de junho a 9 de julho, nosso planeta estará submerso por uma maré particular: a do futebol, cuja fase final da Copa do Mundo acontece na Alemanha. Trata-se do mais universal dos eventos esportivos e televisivos. Várias dezenas de bilhões de telespectadores, em audiência acumulada, acompanharão as 64 partidas do torneio que contrapõe 32 seleções nacionais representando os cinco continentes.

O confronto atingirá sua intensidade máxima no domingo, dia 9 de julho, quando, em Berlim, no Olympiastadion (construído por Hitler para os Jogos Olímpicos de 1936), as duas equipes que tiverem sobrevivido aos mata-matas disputarão a final. Neste instante, mais de dois bilhões de pessoas – um terço da humanidade – em 213 países (enquanto a ONU tem apenas 191 membros...) estarão diante das telas de TV. E, para elas, nada mais importará.

A competição funcionará como um formidável biombo e ocultará qualquer outro acontecimento. Para grande alívio de alguns. Por exemplo, na França: Jacques Chirac e Dominique de Villepin confiam sem dúvida nesta hipnótica distração coletiva para tentar jogar no esquecimento o tenebroso caso Clairstream. E respirar um pouco.

“ Peste emocional [1] ” para alguns, “ paixão exultante [2] ” para outros, o futebol é o esporte internacional número um. Mas é indiscutivelmente mais que um esporte. Caso contrário, ele iria suscitar tal furacão de sentimentos contrastantes. “Um fato social total”, disse sobre ele o grande ensaísta Norbert Elias. Poderíamos afirmar também que constitui uma metáfora da condição humana. Pois revela, segundo o antropólogo Christian Bromberger, a incerteza dos status individuais e coletivos e os meandros da fortuna e do destino [3]. Ele estimula uma reflexão sobre o papel do indivíduo e o trabalho de equipe e admite debates apaixonados sobre a simulação, a trapaça, a arbitrariedade e a injustiça.

O esporte dos humildes
Como na vida, os perdedores no futebol são mais numerosos que os vencedores. É porque este esporte sempre foi o dos humildes, que nele vêem, consciente ou inconscientemente, uma representação de seu próprio destino. Eles sabem também que amar seu time é aceitar o sofrimento. O importante, em caso de derrota, é permanecer unidos, ficar juntos. Graças a esta paixão partilhada, estamos seguros de não estarmos nunca isolados. “You will never walk alone” (“Você nunca andará sozinho”), cantam os torcedores do Liverpool FC, clube proletário inglês.

O futebol é o esporte político por excelência. Ele se situa na encruzilhada de questões capitais como o pertencimento, a identidade, a condição social e até mesmo, por seu aspecto sacrificial e místico, a religião. Por isso os estádios servem tão bem para as cerimônias nacionalistas, para os localismos e para os transbordamentos identitários ou tribais que desembocam por vezes em violências entre torcedores fanáticos.

Por todas estas razões – e sem dúvida várias outras, mais positivas e mais festivas – este esporte fascina as massas. Estas, por sua vez, interessam não apenas aos demagogos, mas principalmente aos publicitários. Pois mais que uma prática esportiva, o futebol é hoje um espetáculo televisionado para um grande público com suas vedetes pagas a preço de ouro.

A compra e a venda de jogadores de futebol refletem bem o estado do mercado no momento da globalização liberal: as riquezas se situam no Sul, mas se consomem no Norte, que possui sozinho os meios para comprá-las. E este mercado (freqüentemente de trapaceiros) dá lugar a modernas formas de tráfico de seres humanos.

Entre fortunas e escândalos
Os recursos financeiros empregados são fantásticos. Se a França se classificar para a final, o preço de um spot publicitário de 30 segundos na TV francesa chegará a 250 mil euros (o equivalente a 15 anos de salários mínimos). E a Federação Internacional de Futebol (FIFA) receberá nada menos que 1,172 bilhão de euros apenas pelos direitos televisivos e pelos patrocínios da Copa do Mundo da Alemanha. Estima-se que, por outro lado, o total de investimentos publicitários ligados a esta competição ultrapassará os 3 bilhões de euros.

Tais massas de dinheiro levam à loucura. Toda uma fauna de negociantes gira em torno da bola. Ela controla o mercado de transferências de jogadores e o de apostas esportivas. Certas equipes, para garantir a vitória, não hesitam em trapacear. Há legiões de casos comprovados, como o escândalo que atualmente sacode a Itália. E que rebaixar à segunda divisão o Juventus de Turim, clube mítico, acusado de ter comprado árbitros.

Assim vai este esporte fascinante. Dividido entre seus esplendores sem igual e suas abjeções, cujo efeito é semelhante, às vezes, ao da lama jogada sobre um ventilador. Todos ficam enlameados.

Tradução: Fábio de Castro castro@reportersocial.com.br



[1] Jean-Marie Brohm, La Tyrannie sportive. Théorie critique d’un opium du peuple, Beauchesne, Paris, 2006.

[2] Pascal Boniface, Football et mondialisation, Armand Colin, Paris, 2006.

[3] Christian Bromberger, Football, la bagatelle la plus sérieuse du monde, Bayard, Paris, 1998.

Fifa tenta esconder lugares vazios

Postado originalmente em: http://www.trivela.com/copa06/index.asp?Fuseaction=Conteudo&ParentID=8&Menu=16&Materia=443

MUNIQUE – Ao início do segundo tempo de todas as partidas da Copa do Mundo, o placar eletrônico e o sistema de som dos 12 estádios anunciam o público presente. E o resultado foi sempre o mesmo: “Ausverkauft” (ingressos esgotados, em alemão) em todos os 24 jogos já realizados até este sábado. Os lugares vazios nas arquibancadas e nas tribunas, porém, deixam a dúvida: será que todos os ingressos foram, de fato, vendidos?
Em algumas partidas, como Holanda x Sérvia-Montenegro, disputada em Leipzig, foram contabilizados mais de mil assentos vazios em todo o estádio. “Me incomodou muito ver, da tribuna, tantos lugares sem torcedor”, afirmou Horst Schmidt, vice-presidente do Comitê Organizador, que completou: “Triste é saber que havia milhares de pessoas do lado de fora, desesperadas por uma oportunidade de entrar no estádio”.
Quem vê pela televisão – e até mesmo no estádio – muitas vezes não tem a impressão de que existam lugares vazios. Principalmente porque eles não estão concentrados em um determinado setor das arquibancadas, como aconteceu na Copa do Mundo de 2002, em que dava para perceber, em algumas partidas, mais de 10 mil assentos desocupados.
O Comitê Organizador aponta os patrocinadores oficiais como responsáveis pelo vazio nos estádios. Quase 20% da cota de ingressos foi entregue às 25 empresas que bancaram a realização do Mundial. Em muitos casos, essas companhias não conseguiram distribuir entre funcionários e clientes e, em vez de fazer o que pedia a Fifa, não devolveram as entradas para que elas fossem colocadas à venda por métodos legais.

Mascarando o vazio

Para diminuir a impressão de que os estádios não estão lotados em sua plenitude, os organizadores do Mundial encontraram uma maneira de mascarar a realidade: colocar voluntários nos assentos vazios. Geralmente designados a ajudar torcedores e imprensa, os voluntários, vestidos de calças azuis marinho e blusa azul celeste, podem ser vistos sentados em meio a torcedores comuns, muitas vezes até torcendo e tirando fotos.
No total, cerca de 500 voluntários trabalham em cada uma das 12 sedes do Mundial. Nos casos de jogos em que o número de assentos vazios não chegou a muito mais de uma centena, como Irã e México, em que apenas 100 lugares vazios foram contabilizados, chega a haver até revezamento.

Imprensa também colabora

Não é só entre os torcedores que se percebem lugares vazios. Nas tribunas de imprensa de algumas das partidas realizadas até agora, fica clara a quantidade de ausências. No jogo entre Portugal e Angola, por exemplo, havia 50 lugares vazios entre os quase 600 designados à imprensa.
Esse descaso de alguns dos mais de 6 mil jornalistas credenciados tem tirado a Fifa do sério. Principalmente porque, em diversas ocasiões, há gente interessada em trabalhar na partida que ficou de fora. Não houve ausências, é claro, em jogos como Brasil x Croácia e até mesmo Inglaterra x Paraguai, em que a demanda é tão grande que quase ninguém que está na lista de espera conseguirá ver a partida no estádio.
Nesta sexta-feira, a Fifa emitiu o primeiro aviso a muitos dos jornalistas que tinham ingressos e não avisaram a entidade que não poderiam comparecer aos jogos. De acordo com as instruções dadas antes do início do Mundial, mais um ‘no-show’ significará o adeus à possibilidade de ver outros jogos in-loco.

Brasil X Japão


:: Para quem mora perto da UnB: liga teu radinho, levanta a antena e põe em 101,3 FM (a nova frequência da Ralacoco)

:: Restante do Brasil e do mundo: entrem no site http://ralacoco.radiolivre.org ou abram diretamente por aqui (http://ralacoco.radiolivre.org/ralacoco.m3u)Anotou? Então, é isso. Quinta-feira, 22 de junho, às 16h, Brasil x Japão.

Comentários deste que vos bloga,

Joey Tchutchua

Nada de pedágio na internet

Lawrence Lessig * , Robert W. McChesney *

O Congresso americano está prestes a realizar uma votação histórica sobre o futuro da internet. Decidirá se a internet vai permanecer uma tecnologia livre e aberta que fomenta a inovação, o crescimento econômico e a comunicação democrática ou se será transformada em propriedade de empresas a cabo e companhias telefônicas, que poderão colocar cabines de pedágio em todos os acessos e saídas da auto-estrada da informação.

No centro deste debate está a mais importante política pública da qual provavelmente você nunca ouviu falar - a "neutralidade na rede".

Neutralidade na rede significa simplesmente que todo o conteúdo na internet deve ser tratado da mesma forma e movimentado pela rede à mesma velocidade. Os proprietários da fiação da internet não podem fazer discriminação. Este é o projeto simples, mas brilhante, "de ponta a ponta" da internet que fez dela uma força tão poderosa para o bem econômico e social - todas as informações e o controle são detidos pelos produtores e usuários, e não pelas redes que os conectam.

As proteções que garantiam a neutralidade da rede foram uma lei desde o nascimento da internet - vigorando até o ano passado, quando a Federal Communications Commission (Comissão Federal de Comunicações) eliminou as normas que impediam as empresas a cabo e de telefonia de discriminar provedores de conteúdo. Isso desencadeou uma onda de anúncios da parte de diretores-presidentes de empresas telefônicas dizendo que planejam fazer exatamente isso.

Agora o Congresso está diante de uma decisão. Vamos devolver a neutralidade à rede e manter a internet livre? Ou vamos deixar que ela morra nas mãos dos proprietários de redes que estão ansiosos para se transformarem em guarda-cancelas do conteúdo? As implicações de se perder para sempre a neutralidade da rede não poderiam ser mais graves.

A atual legislação, que conta com o respaldo de empresas como AT&T, Verizon e Comcast, permitirá que as firmas criem diferentes camadas de serviços online. Elas poderão vender acesso à via expressa para grandes empresas e relegar todos os demais ao equivalente digital a uma tortuosa estrada de terra. Pior ainda: esses guardiães determinarão quem vai ter tratamento especial e quem não vai.

A idéia deles é se postar entre o provedor de conteúdo e o consumidor, exigindo um pedágio para garantir um serviço de qualidade. É o que Timothy Wu, um especialista em política da internet da Columbia University, chama de "modelo de negócios Tony Soprano (personagem que é chefe da máfia da série de televisão Família Soprano)". Ou seja, extorquindo dinheiro para proteção de todos os sites na web - desde o menor dos blogueiros até o Google -, os proprietários de rede terão imensos lucros.

Sem a neutralidade da rede, a internet começaria a ficar parecida com a TV a cabo. Uma meia dúzia de grandes empresas controlarão o acesso ao conteúdo e sua distribuição, decidindo o que você vai ver e quanto vai pagar por isso. Os grandes setores como os de assistência médica, finanças, varejo e jogo vão se defrontar com enormes tarifas para o uso rápido e seguro da web - todos sujeitos a negociações discriminatórias e exclusivas com as gigantes da telefonia e da telefonia a cabo.

Perderemos a oportunidade de expandir vastamente o acesso e a distribuição de notícias independentes e de informações comunitárias por meio da televisão de banda larga. Mais de 60% do conteúdo da web é criado por pessoas comuns, e não por empresas. Como essa inovação e produção vão progredir se seus criadores vão precisar pedir permissão a um cartel de proprietários de rede?

O cheiro dos lucros caídos do céu paira no ar em Washington. As empresas de telefonia estão fazendo o máximo possível para legislar para si mesmas o poder do monopólio. Estão gastando milhões em dólares em propaganda nos círculos do poder em Washington, em lobistas muito bem pagos, em firmas de pesquisa e consultoria que podem ser "compradas" e em operações de falsas bases populares com nomes Orwellianos como Hands Off the Internet e NetCompetition.org.

A elas se opõem uma coalizão de verdadeiras bases populares de mais de 700 grupos, 5 mil blogueiros e 750 mil americanos que se arregimentaram para apoiar a neutralidade da rede no site www.savetheinternet.com. A coalizão é de esquerda e de direita, comercial e não comercial, pública e privada. Conta com o apoio de instituições das mais diversas áreas. Inclui também os fundadores da internet, as marcas famosas do Vale do Silício e um bloco de varejistas, inovadores e empreendedores. Coalizão de tais amplitude, profundidade e determinação são raras na política contemporânea.

A maioria dos grandes inovadores da história da internet começou na garagem de suas casas, com grandes idéias e um pequeno capital. Isso não é por acaso. As proteções à neutralidade da rede minimizaram o controle pelos proprietários de rede, maximizaram a competição e convidaram forasteiros a inovar. A neutralidade da rede garantiu um mercado livre e competitivo para o conteúdo da internet. Os benefícios são extraordinários e inegáveis.

O Congresso está decidindo o futuro da internet. A questão que se apresenta é simples: deve a internet ser entregue à meia dúzia de empresas a cabo e de telefonia que controlam o acesso online de 98% do mercado de banda larga? Somente um Congresso cercado por lobistas de telecomunicações de alto preço e recheado com contribuições para campanha poderá possivelmente considerar um tal ato absurdo.

As pessoas estão acordando para o que está em jogo, e suas vozes estão ficando cada vez mais altas a cada dia que passa. À medida que milhões de cidadãos forem se dando conta dos fatos, a mensagem para o Congresso será clara: Salvem a internet.


* Lawrence Lessig é professor de Direito na Stanford University e fundador do Center for Internet and Society (Centro de Internet e Sociedade).* Robert McChesney é professor de Comunicações na Universidade de Illinois em Urbana-Champaign e co-fundador da entidade para reformulação da mídia Free Press.
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